Rui Barbosa e a vernaculidade
Sendo o Rui Barbosa o homenageado da presente Folha Dobrada, não poderia esquivar-me a inaugurar nosso caderno literário com o tema da vernaculidade. Digo esquivar pois trata-se de matéria espinhosa, que levou — e leva — filólogos, gramáticos, estetas e até os grandes da língua aos mais variados embaraços. Dissuade-me o fanatismo dos partidos, convence-me o amor dos velhos clássicos, dos Barros, dos Bernardes, dos Vieiras. Está feito: pronunciei-me.
Vamos ao nosso Rui Barbosa. O caso deu-se assim:
Em 1899, Epitácio Pessoa, então ministro da Justiça de Campos Sales (1898-1902), encomendava ao jovem professor Clóvis Beviláqua a elaboração de um projeto de Código Civil. Havia pressa na matéria. Como veremos, pressa foi um dos motivos para a celeuma: desde quando era ministro da Justiça do Governo Provisório (1889-1891), queria Campos Sales um Código Civil. Queria-o antes e, frustrado, queria-o agora.
A ordem era que o Código fosse sancionado antes do término do mandato.
Tudo corre a toque de caixa: redige Clóvis o projeto primitivo em seis ou sete meses, Epitácio submete-o a alguns jurisconsultos, leva o texto a uma comissão revisora e, em novembro de 1900, encaminha o Projeto Revisto ao Congresso. Após alguns meses de inatividade, faz-se nova comissão revisora que, obediente ao Governo, publica o documento no Diário do Congresso em 26 de janeiro de 1902.
Este texto faz parte de um trabalho contínuo sobre forma, literatura e estética. Se quiser acompanhar novos ensaios e fragmentos, você pode subscrever a newsletter.