Rosalía é um enigma
Rosalía é um enigma.
Raggaeton e avant-garde, electropop, flamenco e trap. Hight-art e low-art, erudito e pop. Mas um pop de raízes ibéricas, que passa longe do americanismo formatado e dos produtores suecos. Posa nua na capa de Motomami, emulando a Vênus de Boticelli. Com pitadas de Kawaii, o nonsense sensual Chicken Teriyaki é inspirado no Chicken and Rice do neo-expressionista Jean-Michel Basquiat. Não poupa referências a Francisco de Goya: veste-se como A duquesa de Alba (com grillz nos dentes) no glitch-pop A Palé, reproduz a cena de A maja vestida, na canção Di mi Nombre. Entre eventos sociais com as Kardashians e ensaios fashion, lê Clarice Lispector, Simone Weiss e estuda a vida das santas. O seu novo álbum, o monumental Lux, cantado em 13 idiomas, com participação de Björk e orquestrado pela London Symphony Orchestra, reaviva os debates sobre alta cultura e cultura de massa, o sagrado e o profano e o papel da fé na era da inteligência artificial.
Este texto faz parte de um trabalho contínuo sobre forma, literatura e estética. Se quiser acompanhar novos ensaios e fragmentos, você pode subscrever a newsletter.